sábado, 14 de novembro de 2009

Longe

"Doze segundos de oscuridad...", canta Vitor Ramil e, por entre notas pretas e brancas da música lenta e grave, esparrama-se a saudade incomensurável, que inunda a escuridão do quarto com o claro do sorriso distante, e se faz agradável e leve, e cresce desesperada e urgente, e se desfaz no segredo da noite alcóolica, bêbada de sentimentos igualmente incomensuráveis, e uma só razão para estar ali, naquele momento, naquele dia, naquela vida: a espera.
Contar dias e noites a desejar que o tempo passe muito rápido e, ao mesmo tempo, não desejar que passe. Conflito de noite e dia, velho e novo, destino e sorte. Normas de conduta desregradas. Desnormas e descondutas. Força de espírito, lhe dizem. Independência de alma. Viver cada dia de uma vez, como nos manuais de “como ser feliz”.
Mudança de ares, de rotina, de assuntos, de odores e cores e sabores, preenchem os espaços descoloridos. Por alguns dias. Por alguns minutos. Depois, lembra-se. E, de novo, tenta não sentir....e, de novo, lembra-se.
Ah, doce anestesia da alma, o sono! Ah, doce aconchego do espírito, o vinho!
E, a cada página do album de vida, lê sobre seus limites e resistência, sobre seus desejos infanto-juvenis, porém, não menos nobres, sobre sua fé e não fé, sobre tudo que não é, e nem será.

Um comentário:

  1. gosto de textos assim, que podem ser pedaços de instantes, momentos completos. parte por parte: o todo.

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